Você é muito inteligente e pensa demais.
Está triste porque não se deixa levar pelo mundo como a maioria faz. E, por pensar diferente, acaba não se dando bem com a maioria.
Sua capacidade de abstração e de aprofundar os pensamentos é uma grande qualidade, mas também te leva à ruminação, preocupações existenciais, ansiedade, e problemas de humor e impulsividade.
Então, como resolver isso? Ninguém nos ensinou o que fazer, especialmente para pessoas que têm maior capacidade cognitiva.
A inteligência muitas vezes está associada a um maior risco de depressão e ansiedade, pois, quanto maior a capacidade de abstração e criatividade, maior a facilidade para ruminar e ser pessimista.
De certa forma, a ignorância é uma bênção.
Quando observamos a curva de Dunning-Kruger, vemos que, quando alguém adquire um pouco de conhecimento, tende a achar que sabe tudo.
Só mais tarde, ao ter uma compreensão mais ampla, percebe que, na verdade, sabe muito pouco.
A maioria das pessoas está em um nível de ignorância em que sequer tem ideia do quanto desconhece.
Já quem tem um pouco mais de conhecimento cai na curva e começa a ter noção de sua própria limitação, o que traz um mínimo de humildade.
Mas, o que fazer com isso? Como usar essa percepção a seu favor?
Eu, que sempre tive dificuldade de socialização, hoje consigo me expor e criar conteúdos.
Qual o segredo? Treinamento cognitivo.
Ninguém nos ensina, mas é possível disciplinar a mente.
Um exemplo: enquanto gravava um vídeo, um carro passou gritando, claramente para me atrapalhar.
Em outro momento, eu teria ficado muito incomodado, deixando isso me consumir.
Hoje, entendo que o ato de "amar nossos inimigos" que aparece em textos antigos não é por eles, mas por nós mesmos.
Quando alguém tenta te atingir e você se deixa abalar, essa pessoa conquista o que queria.
Pior ainda, essa resposta ao estresse afeta sua saúde, aumentando o risco de doenças crônicas, porque o cortisol e a imunidade são comprometidos.
Por outro lado, se reforçamos caminhos neurais de gratidão, que andam de mãos dadas com a empatia e cognição social, conseguimos enfrentar qualquer situação.
Quanto mais treinamos esses circuitos de compreensão, mais entendemos que, quando alguém age de maneira negativa, como ao te criticar por ser diferente, essa pessoa está projetando seus próprios traumas e inseguranças.
Quando percebi isso, não senti raiva, apenas observei.
Fiquei impressionado porque o ato foi claramente feito para prejudicar.
Emoções como essas vêm de energias muito baixas.
Nós vivemos em vários níveis de energia emocional.
Abaixo temos a apatia, que pode evoluir para a raiva — uma emoção que, apesar de negativa, pode mover a pessoa para algo maior.
Depois vem o orgulho, seguido pela coragem, que nos leva a níveis elevados como o amor.
No fim, tudo se resume ao amor.
Se agirmos com amor, seja criando conteúdo ou em qualquer outra situação, todos saem ganhando.
No entanto, para chegar lá, precisamos treinar o desapego — ninguém nos ensina isso.
Desapego, compreensão, e a consciência de que um dia partiremos.
Não dar tanta importância às coisas nos permite desenvolver mais cognição social e empatia.
Esse é o conceito do memento mori do estoicismo, que é sobre contemplar nossa própria morte.
Hoje em dia, falar sobre a morte é um tabu, mas ter essa consciência nos faz apreciar muito mais a vida.
Estudos mostram que, ao contemplarmos a morte, procrastinamos menos.
Quem tem TDAH sabe que quando existe um prazo, conseguimos agir.
Sem prazo, nunca começamos.
Quando entendemos que a vida tem um limite, desenvolvemos um senso de urgência.
E isso é fundamental.
Você é capaz de realizar muito mais do que imagina.
Em três anos, pode estar em um lugar completamente diferente.
Mas é o senso de urgência que nos faz tomar ação, e a vida passa rápido demais para esperar.